For a free Portugal: o jazz como palco de contestação na Primavera Marcelista
Pedro Cravinho
19 de Julho de 2014, 16h
Casa da Achada/ Centro Mário Dionísio
Entre 1971 e 1973, durante a governação de Marcello Caetano, num cenário de uma guerra colonial/independência em curso, realizaram-se em Portugal os primeiros Festivais Internacionais de Jazz de Cascais (FIJC). Estes eventos, cuja primeira edição foi patrocinada pela Secretaria de Estado Informação e Turismo (SEIT) – organismo que tutelava os Serviços de Censura do regime –, e promovida através do lema “JAZZ É CULTURA”, configuraram um espaço de resistência política e de contestação à guerra colonial, explorado por músicos no palco e vivenciados pelos milhares de jovens presentes.
Na verdade, esta música – o jazz -, no contexto dos FIJC, propiciou a criação de um palco de luta política contra o regime de Marcello Caetano.
Partindo da dedicatória de Charlie Haden (1971) aos movimentos de libertação de Angola, Moçambique e Guiné-Bissau, e do “louvor” à liberdade feito por Roland Kirk (1973), formulados no decorrer das suas actuações nos FIJC, será analisado o alcance social e político da música jazz em Portugal durante a “Primavera Marcelista”.
Biografia
Licenciado em Música / variante de Musicologia pela Universidade de Aveiro, actualmente desenvolve na mesma instituição trabalho de pesquisa conducente a uma tese de doutoramento em Etnomusicologia – Estudos de Jazz, sobre a presença do Jazz na Radiotelevisão Portuguesa durante o regime do Estado Novo (1956-1974), financiada pela Fundação Portuguesa para a Ciência e Tecnologia.
Enquanto investigador na área dos Estudos de Jazz em Portugal tem vindo a desenvolver pesquisa no âmbito do Centro de Estudos de Jazz (CEJ-UA) e do Instituto de Etnomusicologia – Estudos em Música e Dança (INET-md), pólo de Aveiro, onde colaborou no projecto de investigação “Os Mensageiros do Jazz em Portugal, no século xx”.
Membro da Sociedade Portuguesa de Investigação em Música (SPIM), Sociedade Portuguesa de Ciências da Comunicação (SOPCOM), e da Internationale Gesellschaft füer Jazzforshung (Austria, Graz), os seus interesses de pesquisa centram-se na História do Jazz, Jazz em Portugal, e em particular no estudo da relação entre Música e Politica, e os Media.
Ao longo dos últimos anos tem apresentado regularmente comunicações em congressos nacionais e internacionais no âmbito dos Jazz Studies e Media Studies. Recentemente iniciou a colaboração com a publicação Glosas, através da rubrica (des)encontros com o Jazz. Enquanto contrabaixista desenvolve alguma actividade performativa na área de Jazz.