Virtuosi portugueses
Rui Magno Pinto
13 de Dezembro de 2014, 15h
Museu da Música
Em toda a sua riqueza iconográfica e instrumental, a colecção permanente do Museu da Música dá-nos também a conhecer a história de vários compositores-intérpretes oitocentistas portugueses. Os retratos de João Domingos Bomtempo, Francisco António Norberto dos Santos Pinto, João Guilherme Daddi, Manuel Inocêncio Liberato dos Santos e Artur Napoleão em exibição certificam o reconhecimento que a sociedade portuguesa oitocentista lhes conferiu. Alguns dos instrumentos em exposição fazem também recordar os professores António José Croner, Rafael António José Croner, Manuel Joaquim Botelho, Ernesto Vítor Wagner e os amadores Joaquim Pedro Quintela, 1º Conde de Farrobo, e D. Luís I, entre outros.
Várias crónicas e retratos publicados na imprensa periódica e na historiografia musical da época permitem asseverar que também José Avelino Canongia, José Maria Ribas, Guilherme Cossoul, Emílio Lami, Augusto Neuparth, Caetano Fontana, Caetano Drolha, Cândido Drummond de Vasconcelos, entre outros, foram reconhecidos, no seu tempo, pela sua excelência interpretativa e composicional. Todos eles promoveram, enquanto intérpretes, compositores e pedagogos, a excelência interpretativa (técnica e expressiva) na execução musical; a eles se deve o fomento do virtuosismo enquanto relevante tendência da praxis musical oitocentista portuguesa.
A presente comunicação visa contextualizar o contributo de vários compositores-intérpretes portugueses activos entre 1834 e 1884, procurando tornar conhecida parte da sua produção musical, bem como discutir e fazer notar a importância do seu labor para a vigência de um virtuosismo musical português. Certo de que alguns nomes poderão, por ora, ficar esquecidos (por ser ainda parcialmente conhecida a produção e exibição de música instrumental portuguesa na centúria oitocentista), fica, ainda assim, clarificado e revalidado o reconhecimento de que privaram os músicos portugueses de outrora.
Biografia
Rui Magno Pinto é doutorando em Ciências Musicais Históricas na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, bolseiro da Fundação para a Ciência e a Tecnologia e colaborador interno do Centro de Estudos de Sociologia e Estética Musical. A sua dissertação de doutoramento, orientada pelo Prof. Dr. Paulo Ferreira de Castro, discute a “emergência de uma cultura sinfónica em Lisboa entre 1846 e 1911.” Concluiu na mesma instituição de ensino em 2010 o mestrado em Ciências Musicais, variante de Musicologia Histórica, com a dissertação “Virtuosismo para instrumentário de sopro em Lisboa (1821-1870)”, e a licenciatura em Ciências Musicais em 2007. Foi bolseiro dos seguintes projectos de investigação, financiados pela FCT e orientados pelo CESEM: “Património Musical – Fundação Jorge Álvares” (Julho a Novembro de 2011) e “O Teatro de São Carlos: as artes performativas em Portugal (Outubro de 2007 a Outubro de 2010).